terça-feira, 11 de maio de 2010

Polos


Lá venho eu,
Caminhando contemplativo pela estrada da vida
Distanciando-me do meu próprio eu
E vivendo cada vez mais você
A paisagem bucólica na minha mente, e
O mar de emoções envolto em mim.

Você é o meu norte.

Dirijo-me ao sul
Selvagem e denso em vegetação tropical
Escura e atraente
Mata úmida
Nem sempre explorada em todo seu potencial
Entrecortada por córregos serenos e ternos
Em cujos leitos me deleito, me banho, me deixo ficar
Enebriado pelo aroma que flui daquelas águas doces.

Olho para o norte e vejo
O branco marfim resplandecendo
Por detrás dos róseos picos de vida
Que se mexem e remexem
Num terremoto sem tormenta nem dano
Posto que tão natural quanto humano,
Aguardam minhas mãos de alpinista.
Não sei quanto tempo mais me prolongo no sul,
Mas sei que o norte é o meu lugar.

De olhos semi cerrados,
Impulsionado pela ventura da viagem,
Caminho as estradas sinuosas
Que dão acesso aos ocultos dos desertos costeiros,
Áridos de vegetação, entretanto povoados de sensações mil,
Entremeados desse vale voluptuoso,
Cujo epicentro une os polos equidistantes.

No voltear do mundo chego ao norte
E encontro-me em casa.
No instante eterno em que
Austral e boreal se unem
Eclodindo em brilhos multicoloridos em fulgor
Ouço o som da festa preparada há tanto tempo,
Arrebatadora, gloriosa, plena de vida exuberante.

Olho para o meu norte, meu porto seguro, meu lugar.

2 comentários:

  1. Deste, eu gostei bastante! A ambiguidade é muito interessante, e também a qualidade das metáforas e comparações me surpreendeu. Não é fácil construir uma estrutura dessas sem cair na pieguice. Parabéns pelo feito. :)

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Anna Hesse. Fiz esse poema hoje pela manhã e também me surpreendi com o resultado por ter abordado um tema "lugar-comum" entretanto com um resultado não piegas--ainda que esperado.
    ;)

    ResponderExcluir