sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vingança: um prato que se come quente.

Era noite e eu cumpria meu horário no Piazza Italia Ristoranti. Já passava das 19h30 e eu sentia fome, mas eu sabia que não me permitiria empanturrar-me das deliciosas massas que lá são servidas. Depois de correr os olhos de cima a baixo do cardápio várias vezes, decidi-me pela insalata mista pequena e uma porção de peito de frango grelhado.

Nham! Nham! A comida estava deliciosa! Saboreei tudo o mais lentamente possível, considerando que eu estava trabalhando e atento ao movimento do restaurante.

De repente senti a força de um olhar em minha direção. Virei-me e deparei com uma baguete que é servida antes das refeições. Ela piscou para mim, oferecendo-se quentinha e cheirosa. Fingi não perceber e passei ao largo, dirigindo-me à cozinha, onde fui deixar meu prato para lavar. No retorno, olhei de soslaio para ela que, mais que rapidamente, piscou novamente para mim. Indignado, ignorei.

Caminhei pelo salão do restaurante checando as mesas e cumprimentando alguns clientes. Aquelas duas piscadelas, entretanto, não me saíam da cabeça. Por mais que eu tentasse me concentrar em alguma atividade, mais eu via em minha frente aquela baguete prostituta piscando desavergonhadamente para mim. Parecia ter sido aluna de Seruya Velázquez*.

Decidi resolver de uma vez a situação. Dirigi-me à mesa onde ficam os pães e respirei fundo. Peguei a faca-serra. Segurei a baguete com a mão esquerda e com a direita decepei-lhe bruscamente o olho. Numa vendetta silenciosa e cruel, comi devagarzinho cada pedaço daquele olhar obceno, totalmente entregue ao prazer daquela vingança.

Sem a luxúria do pão a atormentar-me a mente, dediquei-me às minhas atividades normais e a noite transcorreu tranquila e bastante calma.

----------------------------------------
* N.A. - para saber sobre Seruya Velázquez, clique no link abaixo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário