sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ninho

Foi ontem, mas ontem foi como se fora hoje
E todas as outras vezes foram como se fossem agora
Todas de uma vez, sempre e iguais.

Encolhi-me naquela cadeira larga ante ao teu vulto distante
Imoto e remoto, quase imperceptível ao senso.

Deixei-me escorregar o coração até quase desaparecer
O som metálico de tua voz que não ouvi
Nem mesmo teus lábios se moverem
Naquela litania que conheço de cor
Sem que dela pronuncies uma só palavra.

Desviei do teu olhar silente
Para esconder os murmúrios salgados que no meu ecoavam
Sentindo o fôlego desvanecer
Enquanto te ias (e te vais, e te irás).

“Ah, tempo, senhor do saber,
Não me deixes escorrer pelos dedos
O que ainda espero da vida.”

Com essa breve prece eu desço o ouvido ao chão
Que sussurra à minha alma teus passos firmes
Caminhando noutra direção.

Foi ainda ontem...






Um comentário:

  1. Poisé, Julião Severo! Agora, ao ler você, sei quem está falando! Rsrs Entende?
    Adorei!

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